De maneira geral, tudo o que é relacionado ao futuro causa uma certa fascinação nas pessoas. Seja pela possibilidade de se deslumbrar com o que ainda nunca havia sido visto, com o desenvolvimento de se criar novas maneiras de se relacionar ou até mesmo pelas novas diretrizes que podem reger o mundo (inclusive, politicamente falando... como é o caso desse anime), muitas delas ainda são resistentes ao que está sempre a frente do nosso tempo. Mas a modernização é inevitável e chegará chegar para todos (e quem não se adequar a ela, obviamente ficará para trás).
Dirigido por Keiichi Satou, roteirizado por Masafumi Nishida e produzido pelos estúdios Sunrise é justamente sobre uma importante fatia dessa iminente modernização que Tiger & Buny se trata.
O cenário é a cidade de Sternbild. Nela, vivem as pessoas chamadas Next, que possuem de habilidades especiais. O principal objetivo delas é defender / proteger pessoas, e por isso, são vistas como super-heróis. Após salvar vidas e elucidar vários casos para manter a ordem vigente da cidade, os Next ganham como recompensa a possibilidade de poder usar logotipos de patrocinadores ou a permissão para aquisição de "pontos de herói".
Todas as atividades dos Next são monitoradas / documentadas pelo programa "Herói TV" (a popularização do show é tão grande que a própria população torna-se, também, uma espécie de "fiscal" do trabalho dos heróis) e isso torna-se importante para quem veste a "capa" de defensor da cidade porque o programa é responsável por fazer a listagem do "King Of Heroes" (em tradução livre: Rei dos Heróis), um ranking extremamente competitivo que só é composto pelos melhores e mais eficazes lutadores.
Em uma rivalidade frequente, estão os personagens centrais da trama: o lutador ao estilo antigo e cheio de regras minuciosas Wild Tiger e o lutador mais atualizado e inovador Barbany Brooks Jr. Com estilos de lutas e personalidades completamente opostas, eles são obrigados por seus patrocinadores a trabalhar juntos... Então, o desafio extra os lutadores é ter que aprender a lidar com suas diferenças e continuar mostrando resultados efetivos na luta contra o crime.
O mais interessante na trama do anime é a questão de manipulação política que está presente em todos os núcleos da história. Disfarçada de "justiça para todos", esses patrocinadores funcionam como os políticos da nossa sociedade atual: fazem milhões de promessas, se beneficiam por suas mentiras, oferecem o mínimo possível a ponto de causar um "bem estar" temporário e - eventualmente - deixam a sociedade "explodir" a ponto de se desgastar para poder ser "resgatada" posteriormente com que fará a mesma coisa.
A sociedade do anime é futurista. A cidade tem um design à base de cenários misturam o arrojado com o urbanamente distópico, criando assim uma espécie de dualidade entre o novo e o antigo que chama atenção pelos ótimos traços de seus desenhos e pelo conjunto de cores utilizados (que são bem distribuídos). Esses quesitos técnicos merecem ser destacados como um dos pontos fortes do anime, porque a produção por trás dessa realização é notavelmente bem caprichada.
O ritmo dos acontecimentos que constroem os episódios é bem dinâmico (com ótimas cenas de ação e algumas surpresas espalhadas ao longo deles) e a trama é cheia de bons personagens. Cada um com suas características e perfis bem definidos (ponto para o roteiro bem escrito e desenvolvido... que aliás, é cheio de criatividade), o espectador tem a chance de poder se pessoalmente identificar com vários deles e relembrar aquela época onde todos nós já pensamos em ser um super-herói algum dia, haha!
Acredito que mais do que um "simples" anime, Tiger & Buny tem como prioridade colocar em evidência (e com isso criar ótimos pontos reflexivos para quem conseguir enxergar nas entrelinhas da narrativa) um regime de sociedade totalitário forçando vários aspectos como "segregação" e "dependência" dos mais fracos / pobres para com os mais fortes / ricos, gerando assim, um debate que apesar de poder parecer distante... Está bem mais próximo da sociedade na qual hoje nós vivemos.