28: Minha entrevista favorita não está online. A gravação, tampouco, não existe. Estava eu na Bienal do Livro de SP, em 2014, creio, quando duas meninas acompanhadas da mãe se aproximaram. Uma das garotas tinha leucemia, sua cabeça já coberta por um lenço laranja e amarelo amarrado com um laço.
Passeavam naquele dia -- era manhã, durante a semana, normalmente um dia em que apenas escolas vinham com seus alunos. -- Aproximaram-se e folhearam um dos livros que eu tinha exposto ali: "A última Dama do Fogo," um romance de fantasia medieval. Perguntaram sobre a história, ficaram interessadas, adquiriram o exemplar. Foi quando perguntei se queriam um autógrafo (até então não havia me identificado como o autor). Ficaram extasiadas.
A menina com leucemia disse que também queria escrever um livro e passou a me pedir dicas -- a irmã, na mesma hora, nos interrompeu e perguntou se poderia gravar a entrevista, e eu disse que sim. -- Só que nada foi gravado. A garota simplesmente pegou uma caneta, à moda de microfone, agiu como se fosse uma jornalista, e assumiu o papel de entrevistadora, apoiando a irmã com as perguntas. Foram poucas, mas os olhos das duas brilhavam.
Foi uma entrevista que me marcou muito. Minha favorita. E espero que tenha sido tão especial para as duas quanto foi para mim.
29: Não tenho uma comunidade formada. Tenho algumas pessoas que gostam do que escrevo, dos jogos que crio, mas nada que eu possa chamar de comunidade. O mais próximo, talvez, seja um grupo no Facebook.
30: Dicas e conselhos? Joguem de tudo. Leiam bastante. Mantenham-se hidratados. A comunidade RPGística brasileira só tende a crescer quando todos trabalhamos juntos para criar e nos divertir. Apoiem seus autores favoritos e deem uma chance para aqueles que vocês ainda não conhecem (principalmente os que estão apresentando o primeiro RPG deles): de repente, em meio a tudo isso, você encontra a próxima joia da sua coleção.
