Dia 3 de Janeiro,

pelo seu simbolismo na história do Bitcoin, foi esolhido por Trace Mayer para o lançamento do Proof of Keys

Basicamente é um movimento que incentiva os utilizadores a retirarem os seus Bitcoins (cedo se alargou a todas a outras moedas) das exchanges. A ideia por detrás disto é provar quais são as exchanges que de facto fazem a custódia das meodas e as que não a fazem de todo ou a fazem apenas parcialmente.
A reserva parcial dos valores é um problema conhecido do sistema bancário actual que permite alavancagem aos bancos mas é tão flexível que lhes tem dado jeito para fazer todo o tipo de má gestão. As criptomoedas pretendem em grande parte corrigir falhas do sistema financeiro actual mas não estão imunes a alguns dos seus defeitos. As exchanges, tão úteis para umas coisas, têm sido muitas vezes usadas para outras menos úteis e mais duvidosas.

Quando se confia num intermediário, costuma haver algo em troca que valha a pena essa confiança. Foi sempre assim que funcionou a relação entre os bancos e os seus clientes... até que começou a não dar certo. Quando o dinheiro é depositado e depois se tem dificuldade em movimentá-lo ou usá-lo... a confiança quebrou-se. Mas afinal de quem é o dinheiro? Principalmente na fase actual em que os depositantes na verdade pagam para ter o dinheiro no banco, fica ainda mais estranho.

Acontecimentos semelhantes em exchanges de criptomoedas é de facto uma coisa sem explicação. Procurar-se alguma flexibilidade e liberdade para se descobrir que as más práticas também estão neste mundo é frustrante.

Todos os bons Hodlers sabem que se não têm as moedas sob a protecção das suas próprias chaves, elas não estão de facto na sua posse. Dependem sempre da boa vontade de alguém.
Há que reconhecer que isto implica responsabilidade máxima dos utilizadores.

Máxima liberdade = Máxima responsabilidade

Também há que reconhecer que a maioria das pessoas não quer isto. Quem nunca teve problemas com o sistema actual e não prevê que as venha ter, provavelmente prefere ficar no conforto que tem no presente.

Não é tudo preto e branco, também há cinzento

Quer isto dizer que nem tudo é tão claro e imediato como pode parecer. Quem confia confia e pronto.
Quem quer liberdade a sério sabe que não se pode depois queixar de falhas alheias. Mas no meio há situações que podem merecer alguma reflexão.

Vejamos, o típico controlo por parte dos bancos: É sempre mau? É sempre bom? Querem mandar em tudo ou estão a zelar pela segurança dos clientes?

Todos conhecem histórias. Resumo estas que sucederam com amigos meus e outra que apareceu nas notícias recentemente:

• um amigo meu fez uma transferência bancária que visava comprar bitcoin. Foi bloqueada. Ligaram-lhe do banco não com o discurso de preocupação mas a dizer-lhe que estava a transferir dinheiro para paraísos fiscais, mais em tom de ameaça do que de aviso. Não estando ele a infringir nenhuma lei, não tiveram outra alternativa a não ser desbloquear a transferência.
  Teve um aroma a controlo, ameaça, prepotência

• outro amigo meu fez uma pequena transferência bancária com o mesmo intuito. Ligaram-lhe do banco a dizer que tinham detectado uma transferência anómala para os seus padrões de utilização. Queriam saber se estava tudo bem e se podiam avançar com a transferência.
  Esta teve um sabor a zelar pela segurança do cliente, nunca pondo em causa a sua vontade

• nas notícias surgiu uma situação em que uma rapariga sofreu um ataque à sua conta no qual foram feitas muitas transferências bancárias consecutivas de um determinado valor, que no final perfez um total significativo. Ela apresentou queixa do banco porque não detectou um padrão anómalo de utilização (uma vez que ela nunca faria nada semelhante) e o banco refutou responsabilidades porque as transferências nunca poderiam ter sido feitas sem o uso dos códigos pessoais, que de alguma forma ela deixou cair nas mãos de mal intencionados. E agora?

É por haver muitos casos diferentes que penso que nem todos estão preparados para assumir a máxima responsabilidade que dá acesso à máxima liberdade. É bom que apontemos nesse sentido mas caminhemos com calma. Cada um à sua velocidade, aprendendo pelo caminho. Não deixar grandes montantes de cryptos em exchanges só por comodidade é um bom começo.

Não vi ainda resultados do Proof of Keys nem sei se houve impactos em algumas exchanges relevantes mas a ideia serve pelo menos para mostrar que nem todos estão distraídos. É também um movimento de cariz educacional para os utilizadores menos experientes que pode ser fundamental para evitar dissabores futuros.

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Hodl properly,

RMach