Tenho me divertido bastante descobrindo este ambiente tão diferente de tudo que já vi antes. Sou jornalista/ repórter de alma, mas nos últimos anos me dediquei a criar conteúdos para as redes sociais de restaurantes. O Ecency tem me feito praticar a escrita livre e criativa novamente e me sinto inspirada a compartilhar histórias variadas por aqui.
Porém, hoje venho mostrar algo bastante grave e traumático que aconteceu na minha rua na sexta-feira passada, 24 de janeiro. Uma chuva de três horas devastou muitas casas aqui do lado, em especial as de uma rua a apenas 1,5 minutos de caminhada da vila onde eu moro.

Choveu quase metade da previsão para o mês de janeiro e a força da água derrubou enormes portões de ferro, destruindo completamente muitas casas e deixando pessoas completamente sem nada e traumatizadas, uma vez que a maioria das casas é térrea.
Não escrevo este post para me beneficiar financeiramente de algo que possa soar sensacionalista/ chocante, mas para falar de mudanças climáticas, aquecimento global, co-responsabilidade e ansiedade climática. Andei por escombros, minha casa esteve rodeada por água - entrou um pouco na cozinha -, mas nada de mais grave aconteceu. Meu sábado foi um dia extremamente triste, eu nunca vou esquecer as cenas que presenciei e as histórias que escutei. Chorei compulsivamente o dia todo e estava me sentindo vulnerável, pensando que se chovesse por mais 1h meus móveis estariam derrubados boiando na sala e eu estaria com meus dois gatos no andar de cima.
Cada vez mais cidades brasileiras - como Porto Alegre, no ano passado - tem sofrido com chuvas devastadoras, resultado de negacionismo climático, desmatamento, coleta de lixo ineficiente e governos irresponsáveis e corruptos, entre outras causas.
Procurei comunidades sobre isso aqui no Ecency, mas não encontrei, será que alguém pode me orientar onde encontro este tipo de discussão aqui, caso haja? Não é um assunto alegre, mas infelizmente será uma realidade cada vez mais comum para nós que vivemos na Terra.
Para quem não sabe, moro em São Paulo, a maior cidade do Brasil. O centro econômico do meu país. Hoje minha cidade é conhecida por milhões de prédios, trânsito, poluição e barulho.
Um pouco de história:
Quando a indústria automobilística chegou aqui, foram construídas muitas avenidas e rodovias em cima de centenas de rios enormes e curvilíneos, cheios de fauna e flora nativa e responsáveis por parte do equilíbrio ecológico da cidade. Hoje encontram-se soterrados, cimentados. Muita gente ainda luta pelas nascentes que sobraram, ameaçadas pela construção de novos prédios que nascem a cada dia na cidade. Com o aquecimento global e a quantidade de chuvas extremamente intensa, os bueiros entupidos de lixo não dão conta da água e os rios sobem.
Esta cena ilustra bem como de fato existem rios sob nossos pés:
Desde pequena ouço falar das enchentes que acontecem no verão, quando chove muito. Já era para todo prefeito eleito investir em políticas de combate em todas as gestões, pois a tragédia anunciada se intensifica a cada verão. Porém, neste sábado as manchetes revelaram: o prefeito atual deixou de investir R$ 1,5 bi em verbas de combate a enchentes em SP.
Deixo aqui uma das imagens mais chocantes da última sexta-feira, quando a estação de metrô Jardim São Paulo, uma depois da minha, virou uma cachoeira e as pessoas tiveram que segurar nos ferros para não serem arrastadas pela força das águas. Em tempo: a culpa não é da chuva!
Como escreveu um amigo que perdeu eu ateliê na Vila Madalena, construída acima das águas do Água Preta: "Tinha coisas muito antigas que não via a anos… joguei fora um monte de coisas que não serviam mais pra mim, e as que ainda tentei guardar se foram, então foi uma boa despedida . Não foi perda de tempo, é nem será, não tenho tempo a perder com o que já perdi… a água correu e ela está sempre certa.
Libertem o Água Preta!"