Hello friends,
allow me to write a different kind of post today. A very serious one. It will be written in Portuguese so that I can explain myself clearly. I'm sure you will find a way to translate it and read it in case you are interested. It's about ghosting and why you should not do it.
🇵🇹
Ghosting.
Com maiores ou menores variações, o conceito retrata o término abrupto de comunicação com outra pessoa, geralmente online. Se o outro morar longe, muito longe, o desaparecimento online é praticamente sinónimo de desaparecimento total.
Recentemente encontrei este artigo online e li-o com atenção: Mais honestidade, menos ghosting: a Geração Z está a mudar os relacionamentos.
Atraíu-me o título, não tanto pelo ghosting, mas mais pela honestidade. Tento fugir dos clichés de que "no meu tempo é que era" e "a juventude está perdida." Quando encontro algo que vai em sentido contrário, gosto de saber mais. O artigo é interessante mas não revela muito sobre ghosting. Não tanto como o título sugere. De qualquer forma, procurei mais e li um pouco sobre o assunto.
O tema é complexo e abrange uma miríade de situações que no limite nem parecem merecer constar no mesmo cesto. Desde casamentos de anos a namoricos de adolescentes. Desde amizades de infância a sites de encontros online. Quando uma pessoa decide cortar comunicação e desaparecer, fá-lo e pronto.
Há quem diga que revela cobardia, no sentido em que se está a evitar resolver o assunto civilizadamente ou com a educação que a outra parte merece. Pode ser o caso. Nem sempre o será.
Recentemente, uma amiga contou-me que deixou o namorado porque ele a tratava mal. Após algum tempo de paciência, tolerância e tentativas de mudar a situação, decidiu que não aguentava mais. Ele não gostou da decisão, não lhe fez a vida fácil e ela decidiu cortar o contacto com ele. Se houver razões aceitáveis para fazer ghosting, evitar maus tratos parece-me claramente uma delas.
Ainda mais recentemente um amigo envolveu-se com uma rapariga e ao fim de umas semanas tiveram a primeira grande zanga e ele dizia que se ela não lhe dissesse nada dentro de uns dias, apagava tudo e ela nunca mais saberia nada dele. Aconselhei-o a não o fazer. Pelo que percebi a zanga foi feia mas não sobre nada extraordinariamente grave e inultrapassável. Deveu-se ao acumular de algumas pequenas coisas que no início de uma relação devem ser identificadas e esclarecidas.
Há outras razões compreensíveis para desaparecer e cortar o contacto, para além de situações de maus tratos ou para evitar stalkers. Confiem, eu sei que há. Mas ponderem muito bem antes de o fazer.
E ponderem por uma razão. Ghosting, no sentido lato, não é só uma tendência moderna que surgiu agora com os sites de encontros e redes sociais, em que uma pessoa sem sentimentos desaparece e deixa outra pessoa triste por uns tempos. São cada vez mais os estudos que apontam o ghosting como uma prática nefasta e com consequências potencialmente traumáticas para a vítima.
photos: pixabay.com
O impacte pode ser tal que mesmo não se tratando de ghosting puro, é desesperante para a vítima. Pode até haver lugar a uma justificação lógica, uma explicação breve e uma despedida sincera. Se o que se segue é silêncio absoluto, ausência, vácuo... quem fica não deixa de se sentir descartável e desconsiderado.
A vítima sente-se injustiçada e confusa. Não sabe se fez algo de mal. E se não fez, ainda custa mais. Não sabe se vai ser contactada mais tarde, amanhã, na próxima semana, até ao fim da vida. Tem ansiedade. Não tem notícias da outra parte, nem boas nem más, nem importantes nem banais. Não consegue andar com a vida para a frente, e se conseguir não vai livre, arrasta uma âncora de mágoa, de baixa autoestima. Transporta consigo desconfiança para futuras relações e, por proteção, não vai confiar tanto na próxima vez.
Ghosting não provoca solidão. Provoca um sentimento de abandono.
photos: pixabay.com
Tentem ao máximo resolver os problemas de outras formas e evitem esta prática. A vítima vai ficar marcada, é inevitável. Tem aspectos irreversíveis. Se o fizerem, mais tarde se arrependerem e voltarem atrás, já não vão encontrar a mesma pessoa do outro lado. Vai ser alguém magoado, de pé atrás, com menos confiança em vós. É uma versão diferente da pessoa que outrora conheceram, uma versão que pode perdoar e aceitar-vos de volta, mas não conseguirá esquecer e dificilmente voltará a entregar-se na plenitude. Não esperem ficar no topo das prioridades de uma pessoa a quem no passado impuseram um tratamento tão cruel.
Obrigado por terem lido. Se convencer uma só pessoa de que ghosting é má ideia, já valeu a pena escrever este artigo.
RMach