Porém, é melhor que você leia o texto inteiro para compreender melhor o que quero dizer com isso.

Resolvi utilizar a mesma série a respeito dos enteógenos, por que de certa forma este tema está interligado, e se você está se questionando sobre o que são enteógenos, talvez seja melhor você ler essa série do começo:
Relatos Enteógenos
Partindo do princípio que vocês leram ou já conhecem o tema, podemos ir direto ao que interessa. É possível alterar sua percepção da realidade sem o uso de substâncias? Veja bem que deixei dei usar o conceito proposto no próprio título "alterar a consciência" por que quando observamos esse termo por um viés filosófico, psiquiátrico ou científico, fica bastante confusa e equivocada a proposta de "alterar a consciência". Então, de forma prática, o que temos em todo e qualquer caso é uma alteração da sua percepção de realidade. Você observa o mundo de uma forma até então não comum. E assim, conseguimos clarear o próprio tema desde já. Afinal, para alterar a percepção de realidade você nem precisa ir tão longe, ontem você acreditava no papai noel e podia jurar que escutou ele entrando na sua casa para deixar os presentes, porém hoje, já não crê mais.
Mas sei bem o que esperam desse texto e não vão se contentar com blá blá blá de filosofia de primário a respeito de "visão de mundo" e coisas do gênero. Então vamos seguindo nosso raciocínio direto ao ponto.
Inúmeras doenças psicológicas "como a esquizofrenia" podem nos dar as mais diversas gamas de alterações da percepção. Alguns tipos de distúrbios inofensivos como a sinestesia nos faz ver cores em sons, cheiros em letras e assim por diante. Mal conseguimos compreender o quanto é possível sair do padrão. Inclusive lembro de ter lido em algum livro desses pops que intercalam ciência com relatos, que na verdade, nosso cérebro faz um trabalho descomunal, absurdo para manter as coisas "dentro da normalidade", uma "coisinha fora do lugar" é o suficiente para transformar nosso universo particular.
Aqui vale algumas coisas interessantes que gostaria de compartilhar com vocês:
Louis Wain foi um artista britânico do final de 1800 que pintava gatinhos para calendários. Sabem aqueles fofos gatinhos pescando, jogando cartas, brincando... Pois é. Porém, Wain tinha esquizofrenia, passou seus últimos 15 anos internado em hospital psiquiátrico e graças ao seu potencial artístico, podemos ver a evolução gradual e incrível de sua doença em relação ao seu tema, os gatos.
Aqui estão algumas imagens "normais" que Louis Wain pintava:


E então, temos essa progressão de sua psicose/esquizofrenia retratada de forma inacreditável através dos gatos. Notem o olhar dos gatos como se torna de certa forma "maníaco" e assustador até dissolverem-se em padrões fractais assustadoramente semelhantes aos experimentados por uma experiência enteógena de alto grau de potência, como com o uso da Dimetiltriptamina, por exemplo:


Tais padrões representavam a visão de mundo de Wain em seu estado final de esquizofrenia. Sendo assim, como eu disse acima, o estágio final tão semelhante (em termos visuais) a uma experiência de DMT (uma das substâncias presentes na ayahuasca), podemos compreender que para se ter uma alteração não só física, mas mental, emocional, psicológica, não precisamos de qualquer substância externa.
Posso ainda dar o exemplo de Jill Bolte Taylor, essa pesquisadora neurologista que teve um derrame cerebral e pode observar isso "de dentro", porém só se deu conta de que estava tendo um derrame quando estava praticamente alcançando o "Nirvana" durante sua tentativa de tomar banho e vendo o universo se fragmentar e dissolver...
É um pouco complexo para nossa cabeça leiga em ciência médica/biológica compreender que quando ingerimos certas substâncias, não estamos de fato jogando ela no nosso cérebro diretamente. Mas sim que estamos trabalhando com descargas de neurotransmissores, recaptadores e coisas do tipo. E as mesmas sensações podem ser simuladas/executadas sem o uso da substância X. Porém, é claro. Até onde eu sei, você não tem um catálogo com todos os tipos de sensação que quer sentir e então segue o passo a passo para sentir-se chapado de Heroína, ou flutuando no cosmos da transcendência budista, apesar de que existem algumas inovações peculiares nesse sentido, como o "I-doser", que irei comentar na sequência do artigo.
Ok. Não controlamos as experiências diretamente, não é opcional, como seria ao fumar um baseado para experimentar o "high" que ele oferece, mas, respondendo ao questionamento do título do artigo. Sim, podemos alterar a "consciência" sem o uso de substâncias! E irei destrinchar isso na continuação desse artigo. Resolvi faze-lo em dois para não me estender demais. Acho que podemos trocar algumas boas ideias a respeito do tema. Espero poder contar com uma boa conversa com o amigo @Matheusggr para aprofundar um pouco isso tudo!
E na continuação do artigo falarei a respeito de indução da alteração da percepção de realidade através de: Meditação, Estados emocionais, ferramentas tecnológicas e técnicas variadas
Fonte das imagens: 1, 2, 3, 4 e 5