Texto original publicado no Scribe
Hoje em dia é cada vez mais comum ouvir pessoas usarem esta palavra em inglês. Especialmente os jovens empreendedores e principalmente aqueles que têm a tecnologia como base de suas profissões (programadores, web designers, analista de SEO e etc).
Não conheço uma tradução direta ao português e qualquer tentativa soaria muito menos glamurosa. Convenhamos, no meio de todas as dificuldades enfrentadas para criar uma startup (de sucesso), sentir-se parte de um grupo especial é um bom motivador.
Além do glamour de dizer-se dono de uma startup, trabalhar a troco de nada e esperar o primeiro milhão chegar é o que move muitos empreendedores neste universo. Mas...
Não é assim que funciona para ficar rico, tem que trabalhar muito, mas muito mesmo!
Antigamente este tipo de indivíduo, disposto a encarar uma empresa do zero e com poucos recursos disponíveis era chamado de sonhador e até visto com maus olhos por uma sociedade que esperava dele um bom emprego formal que paguasse bem. Especialmente para quem estivesse saindo da faculdade e começando a vida profissional. Acontece que pra mudar o mundo é preciso sonhar, e para aprender a valorizar quem tem coragem de sonhar, e fazer, é preciso respeitar. Entender a cultura por trás das startups é um bom primeiro passo.
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Mas afinal, o que difere uma Startup de um negócio "normal"?
Na minha opinião, o nome.
Qualquer que seja o negócio, ele deve começar por uma simples ideia ou pela genialidade de se tirar proveito de uma situação (já reparou quantos caras vendendo guarda-chuva aparecem convenientemente em dia de chuva?). Em ambos os casos é muito provável que você irá começar sem o dinheiro necessário e deverá contar com a sua capacidade de ser criativo e sobrevier até que:
1 - Alguém te dê dinheiro e permita que possa explorar mais da sua idéia ou mercado (investidor)
--ou--
2 - Você acertou em cheio e já está vendendo "muito bem e obrigado" a ponto de ter a roda praticamente girando sozinha, porém, ainda sim, precisou de algum capital para começar, que pode ter vindo de uma pequena reserva pessoal ou apenas a mão de obra de alguém a troco de uma participação no negócio (equity para os íntimos).
Seja qual for a sua inspiração comercial ou desejo de realização, virar dono do próprio nariz construindo um negócio - ou startup -, exige seguir alguns passos simples mas na minha opinião, fundamentais.
1 - Escolha bem seus sócios. Parece óbvio dizer isso mas a escolha da sociedade é a primeira grande decisão da sua nova empresa e pode definir o rumo dos negócios no primeiro sucesso ou dificuldade. Você não precisa fazer do seu sócio o melhor amigo, mas construa uma parceira com alguém que está disposto a ouvir suas ideias, respeita sua opinião e acredita no seu potencial sem que você precise micro gerenciar seu trabalho e empenho.
Os desafios ficam mais fáceis quando se tem um sócio que tem compromisso com o negócio e principalmente com você!
2 - Empregue mais do que especialistas. Não basta escolher o currículo com mais qualidades técnicas e impecável. Outro dia ouvi o melhor critério na hora de escolher alguém para trabalhar com você e isso também serve na hora de decidir quem será seu sócio:
3 -Conversar. Escolha alguém que você tenha prazer em conversar e que se sinta a vontade para falar de qualquer assunto.
Um conhecido uma vez comentou da tática que ele utilizava para conhecer alguém profundamente: Ficar bêbado junto com esta pessoa!
Não estou aqui estimulando você a beber, mas existe uma lógica interessante neste ato social: O álcool tem fama de lubrificante social e não é atoa. A maneira como ele altera nosso comportamento acaba por revelar grande parte da personalidade que normalmente estaria escondida atrás de máscaras. Não é incentivar a ser um boêmio, mas é sempre bom conhecer os dois lados da moeda da mesma pessoa. Você consegue aturar esta pessoa quando ela bebe socialmente?
4- Fazer uma Atividade. Correr, esquiar, fazer uma pequena viagem. Passar tempo de qualidade juntos sem que o trabalho seja o objetivo principal ajuda a criar laços que podem ser fundamental durante momento difíceis. Nem só de decisões racionais vive uma startup, ainda mais se tratando de profissionais da geração milênio.
5 - Demita rápido. Aqui até a dica é rápida. Todos nós cometemos erros e devemos ter a chance de aprender com isso e tentar novamente, porém se a pessoa segue o padrão de estar sempre pisando na bola, então não têm porque insistir. "Livre-se das porcarias" já dizia Steve Jobs.
6 - Faça o que tem que ser feito. Não vou ficar aqui dizendo que é preciso ser organizado e produtivo, mas é muito importante saber estipular metas e se esforçar ao máximo para que todas sejam cumpridas o quanto antes. Isso serve para quem gerencia o negócio e para quem trabalha nele. Então fique de olho no ritmo em que sua empresa e funcionários caminham e NUNCA deixa para depois o que você pode realizar hoje. Crie uma cultura de pró-atividade e paixão pela idéia.
7 - Cuidado com a vaidade. Se você entende o que é o ego e tem ideia de como ele funciona, parabéns, você já deu um passo importante para entender que nosso cérebro funciona igual ao de um cachorro adestrado, que faz truques em troca de recompensas. É preciso saber reconhecer as próprias falhas - aliás, falhe rápido e mude o quanto antes - e não acreditar que depois do primeiro sucesso de sua empreitada o resto do caminho será mais fácil e rápido. Cada conquista, se não for por sorte ou acaso do destino, será o resultado de todo esforço feito seguindo as etapas que citei lá de cima. Não existe como viver sem o nosso ego vaidoso, que adora se sentir acima de tudo e mais importante que qualquer um, mas podemos aprender a monitorá-lo e entender quando estamos sendo enganados por ele.
8 - Seja diplomático. Você pode esta querendo mudar o mundo, acabar com a opressão da mídia, com o monopólio, com o governo injusto e etc, mas a melhor forma de se conquistar espaço e ganhar voz ativa, é sendo diplomático. Você ainda é muito pequeno e precisa esperar a hora certa para abrir o berreiro. Winston Churchill tem uma boa frase para definir a necessidade da diplomacia:
“Diplomacy is the art of telling people to go to hell in such a way that they ask for directions.”*
*Diplomacia é a arte de mandar a pessoa pro inferno de uma maneira que ela lhe peça a direção para chegar lá - em tradução livre)
9 - Sideproject. Mais uma palavra estranha, mas é simples: Tenha projetos paralelos. Parece loucura quando se pensa em criar uma startup. São tantas as coisas a serem feitas que parece inimaginável ter que dar conta de mais tarefas. Acontece que gastar parte do seu tempo com projetos diferentes ajuda a conhecer pessoas, enxergar novos pontos de vistas e aprender com tudo isso. Uma boa dica é escolher projetos que complementem e ajudem a sua startup a ganhar tração.
No meu caso, além de ser co-fundador do Scribe, estou montando uma plataforma de moda, a UDesign, estou criando uma comunidade orientada ao mundo da arte, o Arteiro, e dou consultoria para duas outras startups.
Ah! Uma dica rápida: Aprenda a vender sua ideia rapidamente. O famoso Elevator Pitch. Tente descrever sua empresa em menos de 10 segundos. Como você compara seu negócio com coisas mais simples e de conhecimento público, por exemplo: "Somos o Uber da bicicleta."
10 - Não existe sucesso do dia pra noite. Gary Vaynerchuck é um bom exemplo de que persistência e confiança no próprio trabalho pode render bons frutos no futuro.
.... Yeah .... It just happens ... U get lucky ... Fuck that ... Put in the Work and then come "see me". #work #everyday #allday #askGaryVee
Por fim, Business is About People. Cerque-se de pessoas diferentes e complementares a você e com objetivos comuns. Ligue o Foda-se para os Downers (*quem te puxa para baixo.) Esta é uma regra para a vida. Ninguém precisa de outra pessoa jogando negatividade e pessimismo sobre você.
Esteja disposto a enfrentar mudanças constantes. Seja na alteração da ideia principal (pivoting ou "pivotar", mudar, girar 360º) da sua startup ou até mesmo estar preparado para ir morar em outro lugar para aproveitar a chance de começar o seu negócio (o Scribe só foi possível pois recebemos a chance de ser encubados no Chile, pela Exosphere). Nos últimos 12 meses eu vivi em São Paulo, Chile, Califórnia, Pedra Branca e agora estou de volta a São Paulo. Sabe lá o que vai ser para 2017, mas, de tudo que possa vir acontecer uma coisa é certa:
Eu não vou desistir.