This Anhedonia, which has dressed my soul for years. Decades? I find myself thinking every day about when she became part of me. There's almost no point in dwelling on memories of a time when I didn't feel her. Indifference is a kind of bitter disinterest that permeates my conception of reality with such dexterity that I rarely worry about it.
Most likely, if it weren't for my wife commenting on my lack of positioning when it comes to basic or advanced things in life (from what dinner I prefer to what your opinion is on a given subject), I wouldn't realize that I've constantly been in a state of indifference. The tricky thing about this situation is that it's not as if you don't have an opinion on something, but rather that for countless reasons (of your own emotional and mental construction) you feel that it won't make any difference to choose between option A or B, they both lead to the same end, and you don't care about that path to the expected end. And I know that this is my construct, everything I've accumulated from suffering and philosophical perceptions of the world. Perhaps anhedonia is the existentialist's ultimate tool.
SourceAnd it's obvious that I try to counteract this, mainly with medication. My psychiatric treatment is probably both positive and negative for this. It's hard to know when a drug will improve or worsen your anhedonia, some are effective in making you a soulless dullard while others are more neutral. And as a result of this lack of motivation regarding the faculties of choice, I tend to want to "feel more" of the world, through substances that relax me and give me some vision beyond the curve. I've used a wide range of recreational substances in search of these transformative experiences and I have indeed been transformed countless times. But everything is ephemeral in the end and there's always that question: -isn't this relentless pursuit, the use of certain substances, one of the causes of what bothers me today? It's very difficult to say, everything is very intricate, the universe of the knot.
In the end, anhedonia is a relatively safe space, where I don't feel too much, or rather, I rarely do. This saves me a lot of suffering, but it also takes away a lot of my ability to feel part of the world, part of the most basic emotions. I end up seeing things as a disinterested participant in a state of semi-expectation. Like someone who sees the texts written on Hive, sees the coin go up or down and kind of "doesn't care, because it's all a race that will lead to the same end". Do I believe in my own insensitivity? Not always... I often have flashes of joy and enthusiasm, but they are brief, I admit.
Português
Essa tal Anhedonia, que veste a minha alma a anos. Décadas? Eu me pego pensando diariamente em quando é que ela tornou-se parte de mim. Quase não resta sentido em ficar remoendo memórias de uma época onde eu não a sentia. A indiferença é uma espécie de desinteresse muito amargo que permeia minha concepção de realidade e com tamanha destreza que eu raramente me preocupo com ela.
Muito provavelmente se não fosse minha esposa comentar quanto a minha falta de posicionamento diante de coisas básicas ou avançadas da vida (desde que jantar eu prefiro até qual é a sua opinião sobre determinado assunto), eu não iria me dar conta que tenho estado constantemente num estado de indiferença. O mais complicado dessa situação é que não é como se você não tivesse uma opinião à respeito de algo, mas sim que por inúmeros motivos (da sua construção emocional e mental) você sente que não fará diferença alguma escolher entre a opção A ou B, ambas levam para o mesmo fim, e você não se importa com esse caminho até o esperado fim. E eu sei que isso é do meu constructo, de tudo que acumulei de sofrimentos e de percepções filosóficas à respeito do mundo. Talvez a anedonia seja a ferramenta última do existencialista.
SourceE é óbvio que eu tento contrapor me a isso, principalmente de forma medicamentosa. Muito provavelmente meu tratamento psiquiatrico tanto é positivo quanto negativo para isso. É difícil saber quando uma droga irá melhorar ou piorar sua anedonia, algumas são eficientes em torna-lo um embotado sem alma enquanto outras são mais neutras. E por consequência dessa falta de motivação à respeito das faculdades de escolha, eu tendo a querer "sentir mais" o mundo, através de substâncias que me relaxam e me dão alguma visão além da curva. Eu já usei uma ampla gama de substâncias recreativas buscando essas experiências transformadoras e me transformei de fato, inúmeras vezes. Mas tudo é efêmero no final e sempre fica aquela dúvida: -será que essa busca incansável, o uso de determinadas substâncias não é um dos causadores disso que hoje em dia me incomoda? Muito dificil dizer, tudo é muito intrincado, o universo da nó.
No final das contas a anhedonia é um espaço relativamente seguro, onde eu não sinto demais, ou melhor, raramente sinto. O que me poupa de uma porção de sofrimentos, mas também me tira muito a capacidade de sentir parte do mundo, parte das emoções mais basais. Acabo vendo as coisas como um desinteressado participante em estado de semi-expectador. Como quem vê os textos escritos no Hive, vê a moeda subir ou descer e meio que "não se importa, por que é tudo uma corrida que levará para o mesmo fim". Acredito na própria insensibilidade? Nem sempre... Muitas vezes eu tenho lampejos de alegria e de entusiasmo, mas são breves, admito.